Meio Ambiente

As 10 espécies ameaçadas de extinção protegidas pela Reserva Kaetés no ES

A Reserva Kaetés se tornou um refúgio para dezenas de espécies ameaçadas na divisa entre Castelo e Vargem Alta, no Espírito Santo

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Foto: Montagem Folha Vitória
Foto: Montagem Folha Vitória

Criada para salvar um dos pássaros mais raros do mundo, a Reserva Kaetés, mantida pelo Instituto Marcos Daniel (IMD), se tornou um refúgio para dezenas de espécies ameaçadas na divisa entre Castelo e Vargem Alta, no Sul do Espírito Santo.

Inaugurada em 2021, a RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) Kaetés nasceu com o objetivo de proteger a saíra-apunhalada, a ave mais ameaçada de extinção do Brasil, com menos de 20 pássaros conhecidos.

Mas à medida que a floresta foi sendo estudada, o Instituto Marcos Daniel descobriu muito mais: um verdadeiro santuário de biodiversidade, abrigando plantas e animais raríssimos que dependem de proteção urgente.

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Confira as 10 espécies ameaçadas que a reserva protege

  • Saíra-apunhalada (Nemosia rourei): um dos arinhos mais raros do mundo, criticamente ameaçado de extinção. É monitorado semanalmente pela equipe da reserva, que procura por ninhos para protegê-los e garantir a sobrevivência dos filhotes, que são a esperança para a espécie.
Foto: Gabriel Bonfá

  • Bagre-de Caetés (Trichogenes claviger): esse peixinho com nome complicado foi descoberto perto da reserva e ocorre em apenas dois locais ao longo do Córrego Picada-Comprida e em uma outra área próxima. Foi uma descoberta capixaba e é criticamente ameaçado de extinção por ser tão raro.
Foto: Juliana da Silva

  • Uruçu-capixaba, Uruçu-preta (Melipona capixaba): essa abelha sem ferrão é também uma raridade capixaba que ocorre apenas em regiões de floresta de altitude, dividindo o território com a saíra-apunhalada. É muito visada por traficantes, que as tiram da mata para criar em propriedades, levando ao cruzamento com outras espécies e à deterioração genética.
Foto: Lucas Tonoli

  • Sagui-da-serra-claro (Callithrix flavisceps): existem em torno de 2.500 animais entre Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Também sofre com o cruzamento com outras espécies, levando ao comprometimento genético. O IMD está iniciando a primeira pesquisa sobre o sagui na Reserva Kaetés, em parceria com a Universidade Federal de Viçosa.
Foto: João Linhares

  • Filodendron spiritu-sancti: essa planta cresce no tronco de árvores altas e lança suas raízes pendentes até o chão. É muito visada pelo tráfico internacional, sendo vendida para colecionadores por valores muito altos. É raríssima e leva anos para crescer, por isso o Instituto Marcos Daniel mantém em sigilo a localização de seus exemplares.
Foto: Arquivo IMD

  • Preguiça-de-coleira-do-sudeste (Bradypus crinitus): um bicho carismático e raro, que ocorre apenas no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, com uma característica crina preta. Sua descoberta como espécie independente aconteceu apenas em 2023.
Foto: Arquivo IMD

  • Sapinho-pingo-de-ouro (Brachycephalus alipioi): um sapinho minúsculo e encantador, que vive entre folhas próximas a córregos. Mesmo sendo um sapo, tem dificuldade para pular por não possuir ouvidos, o que lhe confere um jeitinho desajeitado e único.
Foto: Marcelo Renan de Deus Santos

  • Palmeira jussara (Euterpe edulis): considerada a rainha da floresta, essa palmeira é ameaçada devido à extração ilegal de palmito. Fundamental para a alimentação da fauna e para o equilíbrio da floresta, a espécie é alvo de ações de capacitação do IMD para uso sustentável do seu fruto, o juçaí.
Foto: Marcelo Renan de Deus Santos

  • Bugio (Alouatta guariba): apesar de não estar listado como ameaçado, o bugio enfrenta perda de habitat e foi severamente impactado pela febre amarela em 2017. Em 2024, os pesquisadores da reserva registraram novamente a presença do animal, sinal de recuperação local da espécie.
Foto: Gabriel Bonfá

  • Cágado-da-serra (Hydromedusa maximiliani): única tartaruga das montanhas, simpática e sorridente, que vive em córregos gelados das florestas de altitude. Vulnerável à extinção, é ameaçada pela construção de represas e pelo tráfico ilegal de animais de estimação.
Foto: Leopoldo Plotechia

Essas são apenas algumas das espécies que encontram abrigo e proteção na Reserva Kaetés. O número de espécies registradas ali – apenas de aves são cerca de 370 – cresce a cada nova pesquisa, reforçando a importância da conservação da Mata Atlântica capixaba.

A Reserva Kaetés possui 667 hectares e visitas podem ser agendadas pelo telefone (27) 99987-2652.

O Instituto Marcos Daniel é uma organização sem fins lucrativos que atua desde 2020 com programas de preservação na região das Montanhas Capixabas. E conta com o importante apoio do Instituto Americo Buaiz (IAB) para fortalecer suas ações de preservação ambiental nas montanhas capixabas.

Neste mês, em que o eixo do IAB é o meio ambiente, a parceria entre as duas instituições reforça o compromisso mútuo com a conservação da natureza e a promoção de iniciativas sustentáveis no Espírito Santo.

Apoiar e dar visibilidade a trabalhos inovadores, como o do Instituto Marcos Daniel, é um dos principais objetivos do IAB. Preservar e cuidar do meio ambiente é uma responsabilidade de todos nós, e abordar essa temática reforça a importância de refletirmos e nos sensibilizarmos mais com a causa. Muitas vezes, falamos bastante sobre os trabalhos do terceiro setor voltados às pessoas, mas pouco se discute sobre o que envolve animais, a natureza e o meio em que vivemos. Essa é uma pauta tão importante quanto qualquer outra, e é fundamental que ela receba a atenção que merece, afirma Carolayne Oliveira, assessora social do IAB.

*Texto sob a supervisão da editora Erika Santos

Carlos Raul Rodrigues, estagiário do Folha Vitória
Raul Rodrigues *

Estagiário

Jornalista em formação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e atua como estagiário no Jornal Folha Vitória

Jornalista em formação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e atua como estagiário no Jornal Folha Vitória