Economia

Campos Neto diz que 'narrativa' de governo pressionando BC não tem respaldo em fatos

Campos Neto diz que ‘narrativa’ de governo pressionando BC não tem respaldo em fatos Campos Neto diz que ‘narrativa’ de governo pressionando BC não tem respaldo em fatos Campos Neto diz que ‘narrativa’ de governo pressionando BC não tem respaldo em fatos Campos Neto diz que ‘narrativa’ de governo pressionando BC não tem respaldo em fatos

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse ao veículo Central Banking que o consenso do Comitê de Política Monetária (Copom) tem mostrado que a “narrativa” de que o governo tentaria influenciar as decisões do BC “não está refletida nos fatos”. “Se você nomeou quatro diretores, e todos votamos unanimemente, acho que o mercado começa a perceber que há uma diferença entre a narrativa e o que o governo está fazendo realmente com relação ao Banco Central”, afirmou, argumentando que o BC provou ser “muito técnico.”

Ele alertou, no entanto, que, à medida que a mudança na composição do BC se aproxima – com o fim do mandato do presidente e de outros dois diretores em 31 de dezembro -, críticas às metas de inflação ou ao regime monetário serão percebidas como mais críveis, porque o governo ará a ter indicado a maioria do Copom.

“Há um período, quando o presidente escolhe o novo presidente do Banco Central, que é especialmente complicado quando se desafia o Banco Central em termos dos efeitos na interpretação o mercado”, disse o presidente do BC.

A entrevista foi veiculada na última terça-feira, 27, um dia antes do governo confirmar a indicação do diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, para a presidência da autoridade monetária a partir de 2025, após o término do mandato de Campos Neto.

Campos Neto repetiu que a divisão no Copom de maio – quando os quatro diretores nomeados por Lula votaram por um corte de 0,5 ponto porcentual na Selic, contra a maioria, que decidiu por uma baixa de 0,25 ponto – foi “técnica” e disse que a unanimidade do colegiado nas últimas duas reuniões deixou para trás a percepção de uma divisão política.

Autonomia

Campos Neto disse ainda que a autonomia operacional do BC, aprovada em 2021, foi “provavelmente a melhor coisa que aconteceu no Brasil nos últimos anos” e “praticamente garantiu” que a autoridade monetária pudesse ter feito o trabalho que era necessário durante as eleições.

“Para ser honesto, o então presidente Jair Bolsonaro nunca me chamou para reclamar naquela época, mas você podia ver que pessoas da campanha estavam incomodadas com a alta das taxas”, ele afirmou. “Não sei se não ter autonomia teria feito diferença naquele ponto. Mas, durante a transição, teria feito muita diferença”, ele disse, lembrando que não houve uma troca completa do Copom na mudança de governo.

O presidente do BC defendeu que é necessário avançar para conquistar a autonomia financeira.